Apesar de algo atabalhoada, a declaração do Presidente da República sobre um hipotético mundial de futebol em Portugal não podia ser mais certeira. Não se sabe com que intenções alguns iluminados andam a namorar esta possibilidade e até falam numa “sociedade” com a vizinha Espanha. É verdade que o futebol vende, empolga e até serve de peneira para alguns males da nação. Mas sejamos sérios: mais do que os encantos da bola, Portugal precisa de outras medidas muito mais importantes. Esqueçamos, por isso, esta velha vertigem para mostrar que somos o que verdadeiramente não somos. É bem melhor que, ao invés do futebol, seja dada prioridade ao apetrechamento de alguns hospitais e à criação de novas unidades; surjam apoios financeiros que “conquistem” médicos para o interior do país; sejam criados melhores centros públicos de apoio à terceira idade; hajam respostas para a escassez vergonhosa de creches e jardins-de-infância. É certo que o negócio do futebol implica noutros sectores e mexe com a economia nacional. Mas a exemplo do que já sucedeu com o Euro 2004, Portugal não tem conjuntura económica para se dar a esses luxos. Trabalhe-se primeiro no que é essencial e, depois, lancem-se ideias que valham a pena.AJB
